Religião

Hoje quis falar sobre um assunto catita. A religião foi o primeiro tema que me veio à cabeça.
Devo dizer, antes de mais, que sou crente. Gosto da ideia de ter um ser superior a olhar por mim e a puxar uns cordelinhos de vez em quando, embora não exija a outros que acreditem no mesmo que eu, afinal todos somos livres de pensar da maneira que queremos. Quanto à Igreja, aí já é outra coisa... Simplesmente não acredito nela.

Eu fui daquelas pessoas a que eu chamo "vítimas católicas", uma vez que não tive escolha em abdicar dos meus Domingos para as sessões cristãs. Aqui os meus pais revelaram mais uma característica do típico tuga: como bom pai cristão, a primeira coisa a fazer é pôr os filhos na catequese, mas nunca põe os pés na missa. Ou seja, passei metade da minha adolescência a acordar cedinho ao Domingo, para estar 3 horas a ouvir sermões acerca daquilo que devemos fazer e pensar, aquilo que é mau e o que não é. Isto era tudo muito bonito senão fosse o facto das ideias defendidas serem do século passado...Quando se defende que o uso do preservativo é considerado incorrecto, por exemplo, fico a pensar onde é que esta gente tem a cabeça!
Uma coisa que nunca gostei foi a Confissão, por duas razões. Em primeiro lugar: não confio os meus segredos a alguém só porque é padre. (Uma coisa que não devemos esquecer é que antes do 25 de Abril os padres denunciavam as pessoas à PIDE. Isto não me dá muita fé nos padres.) Em segundo lugar: principalmente se o padre for alcóolico, como era o meu. Estar a 30 centímetros da boca de alguém que despeja uma garrafa de bagaço todos os dias, não é do mais agradável que há, como devem imaginar... Eu só queria era sair dali para fora, para poder respirar outra vez...

Tendo em conta as minhas "experiências missais", tenho também alguns reparos a fazer. As óstias por exemplo! Será que com tanta esmolinha que vai para a Igreja, não há dinheiro para arranjar, sei lá, um boiãozinho de geleia ou um docezinho caseiro? Tudo bem, não causa diabetes mas dar-lhe um pouco mais de gostinho não fazia mal. Ah, e se fosse possível, engrossar a óstia também não era má ideia, é que quando aquilo se cola ao céu da boca dá um trabalho dos diabos para sair de lá e uma pessoa passa o resto da cerimónia a ouvir «shloc, shloc»... Sr.Papa, se estiver a ler isto, quero que retenha essencialmente estas duas ideias-chave: "estaladiço"e "Pepitas de chocolate". Outra coisa que me desagrada é a parte da saudação em que "toda a gente dá beijocas a toda a gente". Ora isto é tudo muito bonito se ao nosso lado estiver a quarentona jeitosa da vila... Mas quando olhamos para o lado e vemos uma viuva de 80 anos a babar-se, com a frase «Ai...Já lá vai tanto tempo desde aquela vez!» escrita no olhar, aí o caso muda de figura... (quando isto acontecia, esta era a parte em que eu saía mais cedo da missa). Há portanto que defenir bem os lugares e o tipo de pessoas que se sentam nesses lugares.

Mas agora falando mais a sério, uma coisa que me chateia é a mafia religiosa. Não me venham com tretas. O Vaticano é um estado super rico, a Igreja não paga impostos e recebe milhões de euros com as ofertas. Com as receitas recebidas, não se percebe como é que ainda há tanta fome e tanta miséria por aí. Isto significa que o dinheiro não vai para onde é suposto ir... Depois disto vêm as questões éticas com visões ultrapassadas, entre as quais destaco, mais uma vez, o uso preservativo e também a homossexualidade... E claro a história negra da igreja dos últimos séculos que também não vem ajudar à festa.

Sinceramente, fico contente por saber que hoje em dia as coisas estão diferentes. Os portugueses mais jovens estão um pouco mais separados da religião, o que é bom para pensarem por eles próprios, para que as mentalidades possam evoluir, assim como o próprio país.